5b – A festa nunca acaba (ao Chico Buarque)
Tanta gente a cobiçar este jardim
que as flores quase se fanam de enxerto.
Mas nas ruas ainda cheira a alecrim
e não se acaba a festa com tão pouco.
Tu dizes: Tanto Mar. Mas é tão certo
estarmos em festa amanhã de novo.
Há tanto que fazer depois da festa
que a festa vira luta a céu aberto,
contra o ninho monstruoso que nos cresta
a memória passada dos escombros.
Colar de palavras sobre os ombros...
Tu dizes: Tanto Mar. Mas é tão perto...
Há quem ache a festa ameaçadora.
Por ser festa a valer e por ser nossa.
Deixa Chico, pá, não perdes pela demora
Hei-de passar de novo ao arraial.
- Alecrim queimado em Portugal -
e mando-te um cheirinho assim que possa.
Esta canção foi anteriormente gravada no single "novembro".
Pode a ouvir aqui um excerto da primeira versão.
Poesia de
Manuel Correia