4b – A Mafia Lusitana
Parece que é dos humanos
O direito a trabalhar
Já lá vão mais de dois anos
Que procuras parar.
Que tens muitas qualidades
Ninguém te pode negar
Mas sem cunhas nem compadres
Bem podes ir mendigar.
Vai p'rá Mafia Lusitana
Pára com esses queixumes
Náo é a napolitana
É a dos brandos costumes.
Ou fardado ou à paisana
Com bom ar ou ar sinistro
Perde a moral puritana
E até podes ser ministro.
Muito sofres com a pena
Enxada do teu suor
Enquanto na nossa arena
Qualquer um já é escritor.
Vês com ar entristecido
Do mau fazerem bandeira
E o pior é promovido
A Nobel da Reboleira.
Vê que na Mafia Lusitana
Nunca se ouvem queixumes
Embarca na caravana
Mostra os teus brandos costumes.
Ou fardado ou à paisana
Com bom ar ou ar sinistro
Vês lá muito safardana
E um até já foi ministro.
Se não tens primos nos canais
Dos órgãos da informação
Cá no reino dos mortais
Não tenhas mais ilusão.
Mas quando chegar o dia
Em que a morte te abraçar
Todo o mundo noticia
Que tinhas tanto para dar.
Vai p'rá Mafia...
Eu que já vou nos quarentas
Continuo sem ver cheta
Tem sido o mar das tormentas
Impor-me na cançoneta.
Mas com lábia e água benta
Se faz hoje muita vedeta
De cravo na vestimenta
E a vergonha na gaveta.
Mas vou p'rá Mafia Lusitana
Vou-me deixar de queixumes
Ai que vida mais bacana
É a dos brandos costumes.
Ter a meus pés a nação
Nunca mais ser marginal
Ser até Rei da canção
E que viva Portugal.
Poesia de
Luís Cília