5a – Balada de uma heroína que eu inventei
excerto da canção:
Vais morrer com
a saia rota,
sem flores nos cabelos...
- Mas isso que importa
se depois de morta,
até as mãos da terra
hão-de florescê-los?
Vais morrer de blusa no fio,
sem laços nas tranças...
- Mas isso que importa
se depois de morta,
até as mãos do frio
penteiam as crianças?
Vais morrer espantada na rua,
sem fitas nos caracóis...
- Mas isso que importa
se depois de morta,
até as mãos da lua
enfeitam os heróis?
Vais morrer com olhos de águia presa
e meias de algodão...
- Mas isso que importa
se depois de morta,
a tua beleza
não caberá num caixão...
E há-de rasgar a terra
e romper o chão
como uma primavera
de lágrima acesa
que os homens atiram em vão
para a natureza...
Poesia de
José Gomes Ferreira