4b – Canção do camponês-operário
Vim da aldeia, fui prá vila
e da vila prá cidade.
Deixei a pobre courela
onde queimei a idade,
e vim pra esta oficina
que mais parece uma cela,
uma prisão da vontade.
No meu braço de operário
corre sangue camponês,
em que pesa o meu salário
dia a dia, mês a mês -
segredos que abril me diz
nesta terra da raiz
onde o meu corpo se fez.
Lembro os campos em agosto
quando o sol morde na serra.
"Inda sinto aqui o gosto
feito de suor e terra.
Mas o tempo e a vontade
ensinaram-me a cidade
- outro trabalho, outra guerra.
Poesia de
Manuel Correia
Aqui (clique na imagem) poderá ver no youtube um excerto de uma gravação de "Canção do camponês-operáriol" numa actuação de Luis Cília no Fertival de Martigues, França, em 8 de Agosto de 1977. Este excerto é da TV francesa