1b – D. João da Armada
Romance do século XVI e tem origem na batalha de Lepanto, em que os cristãos venceram a armada turca.
Sua Alteza, a quem Deus guarde,
Aviso mandou ao mar;
Que se aparelhasse o Conde
Para de manhã largar.
D. João se aparelhou
Numa fragata mui bela
Para em pinos do meio dia
Pegar a largar à vela.
Em pinos do meio dia
Deitou a peça de leva,
P'ra companhia se juntar
Que queria dar à vela.
Uns a saltarem p'ra bordo,
Outros no cais a chorar,
Com as saudades da terra
Não ousavam embarcar.
- Deixai-vos ficar em terra
Homens de maior idade,
Deixai ir a mancebia
Que vai para o mar brigar.
A partida da galera
Houve grandes clamores;
Capitão e comandantes
Todos se encheram de dores.
Entrando pelo mar dentro
Ouviram grandes terrores;
Eram mestres, contra mestres
Amostrando os seus valores.
Indo mais pelo mar fora
Ouviu-se apitos de prata:
Oh! que rico Comandante
Leva esta real fragata.
Indo mais pelo mar fora
Onde terras se não via
Mandou acima gageiro
A ver o que descobria.
O gageiro subiu logo
A ver o que descobria
E lá do topo do mastro
Em altas vozes dizia:
- Gageiros da nossa nau
Aprontem a artilheria
Que aqui para a nossa armada
Vem uma combataria.
"Safa, safa, D. João
Safa a tua
artilheria
Que são tantos os navios
Que o sol e a lua encobria.
- Dize-me alferes da bitante:
Que navios traz Turquia?
"Se me perdoas a morte,
D. João eu t'o dizia:
Novecentas e oitenta
Galeras que traz Turquia;
Fora doze naus de linha
Que trazem a fidalguia".
Poesia de
anónimo
Esta faixa foi reeditada no disco "Cancioneiro" mas com melhor qualidade sonora. O excerto sonoro aqui colocado é do disco "Cancioneiro".