1a – No casto promontório

 

 

 

 

 

 

No casto promontório dos teus seios

que sonhos nunca sonho de dormir

teus membros alongados que se curvam

abraço que já foi vai-vém de amor

e apenas é repouso respirado

e brandamente arfado

como um perlado

suor.

 

Tudo o que foste ainda serás por sempre

que auroras perpassarem rente a nós.

Tudo quanto és já foste e mais serás

no calor brando em que estaremos sós

agora e logo

neste silêncio -

voz.

 

Teu seio que repousa

no cristal que ousa

respirar por nós,

tão brandamente escuto

que, devoluto,

apenas sonho a transparência casta

em que mais vasta

se repete a vida.

 

Como um suor que fala,

como voz suada,

como repetição que se não cala

senão numa alvorada

consentida.

 

luis cilia
  

 

 

 

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Poesia de

Jorge de Sena

 

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