5a – O conde de Alemanha

 

 

 

 

Romance recolhido por volta de 1880 na Beira Baixa.
 


Já lá vem o sol nascendo
Jd lá vem o claro dia
E o Conde de Alemanha
Com a rainha dormia.

Não o sabe nem el rei
Nem quantos na corte havia
Sabe o só a Dona Infanta
Filha da mesma rainha.

- Minha filha se o sabes
Não o dês por descobrir
Que o Conde é muito rico
De oiro te há-de vestir.

- Não quero os seus fatos d'oiro
Que tenho os meus de damasco
Inda meu pai não é morto
Já me querem dar padrasto.

As mangas desta camisa
Eu não as chegue a romper
Que em meu pai vindo da missa
Eu lh'o saberei dizer.

- Venha, venha oh! meu pai
Boa seja a sua vinda
Tenho um conto p'ra contar-lhe
Muito triste, à maravilha.

- Conta lá oh! minha filha
Que eu folgarei de te ouvir.

Estando eu no meu tear,
Na minha teia a tecer
Veio o Conde de Alemanha
E a teia quis desfazer.

Deixa o Conde de Alemanha
Que é rapaz e quer brincar.
Mal hajam os seus brincos
Mais também o seu brincar.

Que num braço me pegou
E à cama me quis levar.
Cala-te lá minha filha
Cala e torna a calar.

Se eu o soubera mais cedo
Tinha-o mandado matar;
Mas hoje, por dois algoses
O mandarei degolar.

- Venha, venha oh! minha mãe
Venha à janela do cabo
Ver o Conde de Alemanha
Vestidinho de encarnado.

- Venha.venha oh! minha mãe
Não se deve demorar
Ver o Conde de Alemanha
Que lá vai a degolar.

- Mal o hajas minha filha
Mais o leite que mamaste
Que é um Conde tão bonito
E a morte lhe causaste.

Cale-se lá, minha mãe
Bem se pode já calar
Que a morte que o Conde leva
A podia a mãe levar.

luis cilia

Poesia de

anónimo

  

 

 

 

 

Caixa de texto: "O Guerrilheiro"

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esta faixa foi reeditada no disco "Cancioneiro" mas com melhor qualidade sonora. O excerto sonoro aqui colocado é do disco "Cancioneiro".

Canções neste disco:

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