Os sons de excertos das canções ou canções na integra, são provenientes das bobines originais da gravação do disco "Cancioneiro" (ADD).
Sobre este disco pode-se ler no Blog "A nossa Rádio", Dezembro 2007, o seguinte:
"Fruto de aturadas pesquisas efectuadas pelo cantor
na Biblioteca Gulbenkian de Paris, durante os anos de 1973 e 1974, "O
Guerrilheiro"/"Cancioneiro" constitui um dos trabalhos mais notáveis e raros
de recuperação do romanceiro tradicional e de canções de antanho (do séc.
XIII ao séc. XIX).
Sobre a génese deste disco, é oportuno citar Luís Maio: «Luís Cília, cantor
de intervenção durante uma década exilado em Paris, regressou a Portugal
dias depois do 25 de Abril. [...] Ao ser confrontado com a nova conjuntura
portuguesa, Cília, em vez de aproveitar, decidiu demarcar-se. "Cheguei a 29
de Abril e, perante o sectarismo que se começou a criar, dei uma entrevista
em que dizia que considerava o Alfredo Marceneiro um cantor revolucionário.
É uma coisa que mantenho, mas que na altura até disse como uma forma de
provocação contra aqueles tipos que achavam que o fado era fascista. De
resto, um povo que durante 48 anos não tinha tido acesso a um determinado
tipo de música e que a seguir ao 25 de Abril apanhou com doses industriais
de uma reles música a que chamavam revolucionária onde 'pão' rimava com
'patrão'... Depois havia uma inflação de 'revolucionários'. Este disco foi
então a minha reacção, como também o foi ter dado a mim mesmo como meta,
durante um ano, não cantar em Lisboa. Porque era em Lisboa que se dava o
folclore todo. Daí eu ter arranjado, desde essa altura, alguns inimigos.
Resolvi fazer este disco, que era em tudo contrário à corrente. Decidi fazer
um disco cultural, embora também tivesse a sua intervenção. [...] Conheci o
doutor Coimbra Martins, director da biblioteca da Fundação Gulbenkian em
Paris. Ele deu-me todas as facilidades para ir à biblioteca regularmente
recolher música antiga e consultar todos os cancioneiros que lá havia."
[...] Para gravar o seu disco de 74, Cília optou por voltar a Paris, tendo
por única companhia José Niza, enviado pela Orfeu como produtor executivo. A
razão era simples: estavam na capital francesa os companheiros musicais de
que o cantor português precisava para concretizar o seu projecto. "Eu
conhecia o Bernard Pierrot que era um guitarrista clássico, que tinha sido
aluno do meu professor de composição, Michel Puig. O Bernard tinha um grupo
de música antiga e pedi-lhe para fazer as orquestrações das canções que eu
recolhera. Aliás, limitei-me a fazer a recolha e a cantar. Talvez tenha sido
o único disco meu em que não assumi a direcção artística. [...] A canção que
dá título a este disco ["O Guerrilheiro"] é uma canção alentejana feita na
guerrilha do séc. XIX. Depois até a Intersindical pegou nessa música para
fazer o seu hino com outra letra." [...] Se "O Guerrilheiro" saiu depois das
recolhas e das antologias de Giacometti e Lopes Graça não é menos verdade
que foi lançado antes da sua reelaboração por formações como Almanaque,
Brigada Victor Jara, GAC, Raízes ou Vai de Roda. Mas em contraste com estes,
Luís Cília não era, em 1974, um cantor urbano de regresso às raízes, como a
uma fonte purificadora de autenticidade social e estética. Cília era um
cantor de baladas com veleidades culturais, que nessa medida se quis fazer
acompanhar no mergulho histórico de um grupo de música antiga dirigido pelo
académico Bernard Pierrot. Nesta conjunção singular entre o presente e o
passado, o seu gesto também poderá ser considerado pioneiro. [...] É também
[um trabalho] animado por intuições, ideias e um tipo de ousadia cultural e
estética que é a essência da música portuguesa mais criativa de sempre.»
(Luís Maio, in "Os Melhores Álbuns da Música Popular Portuguesa", Público/FNAC,
1998)"
5.30 |
Anónimo – poema de J.P.Rebelo de Carvalho |
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2.45 |
Anónimo |
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0.55 |
Anónimo |
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2.30 |
Anónimo |
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7.10 |
Anónimo |
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3.40 |
Anónimo |
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4.10 |
Anónimo |
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1.35 |
Anónimo |
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9.25 |
Anónimo |