3a – Quando eu, amor
Quando eu, amor, ao certo em mim souber
que força te consente a minha imagem
e qual das dores que, nela, há por paisagem
te alegra, ao ser maior, e me não fere,
e porque o que de ti pura mulher
me é tão amargo em ventres de passagem,
embora os risos, que ouço maus, me ultrajem,
precisamente o amor com que eu tiver,
isento de maldade, o teu carinho
e o desses tristes ventres renovados,
e lembrem que não só por estar sozinho
apenas chora os seres nunca gerados,
ao certo saberei que imagem tenho
e a qual Amor, de mim a ti, eu venho.
Poesia de
Jorge de Sena