1b – Redond/ilha
Meu amor, de madrugada,
quando te perdes me perco;
quando a vida está calada
entre os braços que te cerco
renasce o lume e alumia,
faz-se unidade uma idade
em que é noite e paira o dia
sem memória nem vontade.
E assim se treme e se trama
a teia do que nos falta:
cada lugar minha cama,
cada cama é lua alta.
E de repente aparece
um silêncio entretido
em que já nada apetece.
Em que tudo tem sentido.
Contra a terra te deitaste,
fechaste os olhos ao mar:
não há mais céu que se gaste
por tu gostares de o olhar.
Nem lume que não aqueça
por sob a chuva molhada.
Areia que não estremeça
como se vida coalhada.
Deste à terra o teu calor
e o teu calor dei-to eu:
éramos três, meu amor,
e a chuva que se nos deu.
Poesia de
Pedro Tamen
Manuel Freire interpretou “Redond/ilha”, no disco "De volta".
Carlos do Carmo interpretou “Redond/ilha" ao vivo no Olympia .
Carlos do Carmo, no Olympia de Paris interpretou esta canção num medley - 1980. Pode aqui ouvi-la