4b – Ternura
(Esta canção foi gravada posteriormente nos LPs "Marginal" e
"Penumbra - A Poesia de David Mourão Ferreira"
O som que pode aqui ouvir é o desta edição)
Desvio dos teus
ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
Poesia de
David Mourão Ferreira