5a – Ternura
Desvio dos teus
ombros o lençol
Que é feito de ternura amarrotada
Da frescura que vem depois do sol
Quando depois do sol não vem mais nada.
Olho a roupa no chão - que tempestade
Há restos de ternura pelo meio
Como vultos perdidos na cidade
Onde uma tempestade sobreveio.
Começas a vestir-te lentamente
E é ternura também que vou vestindo
Para enfrentar lá fora aquela gente
Que da nossa ternura anda sorrindo.
Mas ninguém sabe a pressa com que nós
A despimos assim que estamos sós.
Poesia de
David Mourão Ferreira
(Esta canção foi gravada anteriormente nos LP's "La poesie portugaise de nos jours et de toujours - 3"
e em "Marginal". O som que pode aqui ouvir é o desta edição