2b – To a Green God

 

 

 

 

 

Trazia consigo a graça

das fomes, quando anoitece,

Era o corpo como um rio

em sereno desafio

com as margens, quando desce.

 

Andava como quem passa

sem ter tempo de parar.

Ervas nasciam dos passos,

cresciam troncos dos braços

quando os erguia no ar.

 

Sorria como quem dança.

E desfolhava ao dançar

o corpo, que lhe tremia

num ritmo que ele sabia

que os deuses devem usar.

 

E seguia o seu caminho,

porque era um deus que passava.

Alheio a tudo o que via,

enleado na melodia

de uma flauta que tocava.

 

luis cilia

Poesia de

Eugénio de Andrade

 

Caixa de texto: "O peso da sombra - A Poesia de Eugénio de Andrade"

 

 

 

 

 

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