2b Bairro de lata

excerto da canção

 

 

 

Lentamente

A fome nos mata

O frio nos paralisa

Neste bairro de lata.

 

Vidas apodrecem

No inferno de Lisboa,

Cheiro de imundície

Em cada corpo caído

Há um sonho que voa.

 

Bocas sem pão

E cérebros sem escola,

Só existe dinheiro

Para a guerra de Angola

E para o jornalista

Que ao povo brasileiro

Diz que Salazar

É um grande estadista

(que o mundo inteiro

Deve imitar

Para que possa escapar

Da esfinge comunista).

 

Morremos de frio,

Morremos de fome,

Somos o pão da doença

Que lentamente nos come.

 

Somos oitenta ou cem mil

Corações impotentes

No chão da revolta

Fecundas sementes.

 

 

 

 

 

 

 

Poesia de

Jonas Negalha

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Aqui poderá ouvir a versão desta canção inserta no LP "Meu País", 1973